Ao longo dos anos, na minha atividade como Médico Veterinário, tenho observado verdadeiras atrocidades no que à engorda de novilhos diz respeito. Em muitos casos, o maneio e as instalações em que os animais estão alojados são de baixíssima qualidade, proporcionando-lhes péssimas condições de conforto. É um problema que já vamos ultrapassando na Avicultura e Suinicultura, mas sinto que na criação de Bovinos de engorda ainda existe um caminho a percorrer.
As pessoas parecem esquecer que as más condições de criação dos animais, invariavelmente se voltam contra elas – qualquer animal, de qualquer espécie, se for criado com altos níveis de stress ou desconforto, vai ter mais doenças, e nunca irá maximizar as performances produtivas, independentemente da valia genética ou da qualidade do alimento.
Neste aspeto, algumas explorações de bovinos de engorda que tenho visitado, parecem ser perfeitos manuais de como não criar estes animais.
Alguns pontos a ter em conta:
- Não albergar no mesmo parque bovinos com idades muito diferentes;
- Limpeza periódica do estrume – parques com camadas enormes de fezes, em que os bovinos enterram as patas até ao peito e que dificilmente se conseguem movimentar;
- Espaço de comedouro e bebedouro – muitas vezes exíguos para o número de animais presentes, e apenas num dos extremos do parque;
- Quantidade insuficiente de palha ou feno de boa qualidade, distribuída em vários pontos;
- Inexistência de uma área de sombreamento – difícil de compreender, sobretudo no Verão, com altas temperaturas;
- Parques sobrelotados – Para além das dimensões do parque em si, que devem ser ajustadas para o número de animais presentes, cada parque não deve albergar mais do que 25 – 30 bovinos – Deste modo, as hierarquias são rapidamente estabelecidas e há uma tendência para se atingir uma maior acalmia em menos tempo;
- Fazer apenas uma distribuição diária de alimento – Se o alimento for distribuído mais vezes, existe um estímulo ao consumo;
- Misturar animais de raças diferentes – sobre este ponto, gostaria de fazer mais algumas considerações.
“Grosso modo”, podemos dividir os tipos genéticos dos bovinos de engorda em três grandes grupos:
- Turinos
- Cruzados
- Raças puras (Charolês ou Limousine, entre outros)
Cometemos um grande erro se alimentarmos estes diferentes grupos com o mesmo tipo de alimento. Já que se tratam de animais com crescimentos e rendimentos de carcaça muito diferentes, a sua alimentação terá forçosamente de ser diferenciada. É um verdadeiro desastre alimentar um Charolês com uma ração pensada para um Turino, ou vice-versa.
O lucro do produtor não está em poupar uns cêntimos por kg de ração, mas antes no menor tempo que os animais estão na engorda, até atingirem a conformação corporal ideal para o abate.
Não há ração no mundo, por melhor qualidade que tenha, que consiga substituir um maneio deficiente. Não nos esqueçamos, por isso da mensagem mais importante: quanto melhores forem as condições de conforto que oferecemos aos nossos animais, mais saudáveis serão, e mais rapidamente vão atingir o crescimento desejado.
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José João R. Sousa Nunes Médico Veterinário